julho 15, 2010

Corte e costura

Por força das circunstâncias – e porque encasquetei com um vestido e não descanso enquanto não arranjar um minimamente parecido – ando por estes dias a descobrir o maravilhoso mundo do ‘corte e costura’.

Confrontada com a impossibilidade de arranjarem o tal vestido num tamanho humanamente possível (para gente com mais de 65kgs) e recomendada por quem percebe da coisa [obrigada, miúda!], lá fui ter com uma profissional da ‘agulha e do dedal’. Até aqui, tudo a correr bem.

O pior foi quando a costureira me enviou numa (vim eu a saber depois) perigosa missão: ir à loja dos tecidos e à retrosaria. Demorei 5 minutos a encontrar o tecido que queria, a cor que procurava e a pagar a mercadoria.

A retrosaria é que deu cabo de mim. E tive medo. Muito.

Nunca estive num campo de batalha, mas desconfio que qualquer trincheira é bem mais calma que um grupo de mulheres a comprar botões. Estava aliás, longe de imaginar que 50cm de elástico (do mai fininho) e dois colchetes degenerassem em violência verbal, quase física (queres ir lá para fora, queres?! Hum?! Vê lá se queres que te cosa a boca, ó sua….mal educada…...!). [quem fala assim, tem claramente educação e respeito pelos outros, para dar e vender!]

O meu pânico não foi, nem de longe nem de perto menor, quando uma tal Alzira Melo furou uma fila de 10 pessoas e se encostou ao balcão a rosnar entre dentes “arrialmente, quem paga adiantado é mal servido! Tssssss….. Só cá vim levantar uma alça de uma carteira que comprei ontem e que já está pronta de certeza absoluta e que já está paga, que eu comprei-a ontem. Está em nome de Alzira Melo. Mas isto arrialmente quem paga adiantado é mal servido….. É uma bergonha! Ai que vida!”. Foi obviamente ignorada - o que não a demoveu de falar sozinha até chegar à vez dela (gentilmente cedida por mim, que me afastei o mais que pude da Alzira porque estava a ver que sobrava para os meus lados e ainda acabava estrafegada com a tal “alça da carteira que já está pronta e paga desde ontem!”)

Admiro a paciência e sobretudo a coragem das empregadas daquele balcão. Têm todo o meu respeito. Quase beijei e abracei a senhora que me atendeu. Não lhes gabo nem um bocadinho a sorte de vender carrinhos de linha e fechos éclaires (dos de 18cm, ‘tá claro! São os melhores, segundo aprendi hoje) à hora de almoço – hora de ponta numa retrosaria – e terem ainda a bravura e a audácia de anunciarem àquele público inquieto: “há que ter calma e aguardar pela vez, segundo a ordem de chegada. Com calma, paciência e educação tudo se faz! Um bocadinho mais de compreensão que somos poucas deste lado!”

(isto enquanto empurram delicadamente para fora do balcão uma ou outra freguesa mais impaciente que só quer um "feichinho para o biquini. É coisa pouca. Eu procuro, deixe estar!" Vi eu. Pois que vi.)

As empregadas daquele estabelecimento deviam estar armadas até aos dentes e ter aulas de defesa pessoal. E protegidas com guarda-costas e seguranças. E um valente seguro de vida/saúde.

Aquilo é a guerra. E mete realmente medo.

1 comentário:

  1. Até que enfim que a saga do vestido acabou... Vais regressar pra genti eh eh eh

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Não tens vida, pois não?!