janeiro 19, 2009

Mamma Mia

A minha mãe é a maior. Mas é mesmo. E em tudo: é uma lutadora, uma sobrevivente, um exemplo, uma beleza, um orgulho, um espectáculo, uma força da natureza, uma mulher ímpar - and so on, so on, so on.
E é também, entre inúmeras qualidades, uma castiça.

Ora, a minha mãe não caminha para nova (nem eu!) e está, nesta altura, em plena reforma a gozar o seu merecido descanso. Ou seja, começa agora a desfrutar das maravilhas de uma novela da noite e de um final de tarde com o Fernando Mendes. E vive isto com a mesma intensidade com que viveu as alegrias e tristezas dos fregueses que lhe passaram pelo balcão da loja durante 30 anos.

De maneiras, que os nossos almoços de domingo começam com as tradicionais queixas acerca do meu progenitor ("o teu pai está de todo!") e terminam com o resumo semanal de uma tal Alice que anda a cavalo e que tem dois ou três ou mais amores e uma história de vida muito desgraçada. Não faço ideia de que raio está ela a falar mas presumo que seja coisa da TVI. E ela faz-me sempre o ponto da situação, como se de um familiar se tratasse:
- Mãe, e novidades? Está tudo bem?
- Não!
- Não?? Então porquê? O que se passa?
- Olha... aquele desgraçado anda a fazer a vida negra à rapariga. Uma tristeza! Ainda esta semana, ela foi... blá blá blá... e sabes o que ele fez?! Blá blá blá blá blá blá... Depois, o fulano meteu-se com sicrano e blá blá blá blá blá.....
- Mas quem, mãe?!
- A Alice!! A rapariga dos cavalos! Quem havia de ser???
- Mas eu não sei quem é, mãe. Eu não vejo novelas.
- Mas devias. Que aquilo é tão bonito. E o que eu gosto da Alice!
- Certo!....... E tirando isso, está tudo bem?
- Mais ou menos! Tenho ali uma galinha... só me dá problemas e arrelias. Não queiras saber! Anda a esconder os ovos e................

Como eu adoro a minha mãe! E o que ela tem para me contar.

Mas voltando à tal Alice, são tantas as vezes que está presente à nossa mesa, que qualquer dia também já lá tem um prato. No fundo, desconfio que toda esta 'preocupação' com a moça se deve ao facto de eu ser um 'caso perdido' no campo sentimental/matrimonial ("tu não queres casar e não...") - ou de a minha mãe não fazer ideia de como anda a minha vida amorosa - e de eu já ter desistido da equitação há uns largos anos.

Portanto, só me resta desejar à tal Alice, saudinha. Da boa. Que dure por mais algum tempo e que encontre um moço que a faça feliz. E que resolva a vidinha dela. Se não for por mais nada, pelo bem-estar da minha mãe.

[Quanto à galinha... é só apanhá-la a jeito e recitar-lhe uma receita de strogonoff . Vai pensar duas vezes, antes de voltar a esconder os ovos e de se meter assim com a minha mãe.]

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. Eu até vinha aqui dar conselhos à galinha e à Aloce, mas deparei-me com este palpite fascinante. Assumindo toda a minha ignorância, pergunto: what the f*uck is this?

    ;)

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Não tens vida, pois não?!