dezembro 12, 2008

Discos Perdidos

Se é para falar mal, também tenho material para amostra. Isto porque, de vez em quando faço uns programas de rádio e aquilo é mundo!

Esta história já tem uns anos, mas merece ser recordada. Isto foi uma carta que recebi de uma senhora, de uma terra da qual nunca tinha ouvido falar até me terem chegado estas palavras - lá está! Se não foi para mais nada, deu para pelo menos aprender qualquer coisinha de Geografia.
Mas adiante que isto é mais interessante...

Para quem já teve a disciplina de Paleografia, certamente não terá grande problema em transcrever. Mas como até já tive umas aulitas disso, o melhor é colaborar:

"espero que gostes
depois diz se
recebes-te
(parte censurada porque tinha um número de telefone)

(outra parte censurada porque tinha, desta vez, o meu nome) eu gostava
de fazer uma
entrevista no
teu programa

podes ler os
poemas na
radio e se
houver colegas
que gostem
podem fazer
fotocopias

beijinhos da
sempre amiga
Milai"

Aquilo que está escrito de lado de maneira tão destorcida que mal é perceptivel até ao olho mais agudo, diz o seguinte:

"manda uma foto tua
para o meu album de recordaçoes"

E perguntam vocês "de que raio fala esta senhora?" É que dias antes de ter recebido esta carta, atendi esta senhora no meu programa. Guardo essa emissão na memória porque me lembro que esta alma desabafou em directo, que era poetisa desde 1983 e que (passo a citar) "estou a passar por muitas dificuldades e queria fazer um apelo a todos os que nos ouvem, pois preciso de papel para escrever os meus poemas, e o meu marido não me deixa escrever, blá blá blá"...

Certo é que por esta altura já eu estava a rir de tal maneira que lacrimejava de tanto gargalhar! Para acabar com o resto, ela concluiu a sua intervenção com um poema sobre agricultura e lá foi à sua vidita de escritora.

Mas não se ficou por aqui. Mandou-me em anexo a esta carta alguns dos seus poemas que devo confessar - são (ou eram) extraordinários! Lembro-me inclusivé de um excerto de um dos seus poemas, que roçava a... vá, a profundidade:

"A avó canta, canta
e a netinha adormece
ao colo da avó
e conta-lhe coisas,
e canta-lhe canções
e a netinha diz: - Avó."

Eu também tenho uma avó. Boa senhora, ela...

1 comentário:

  1. Eu acho que tu atrais gente estranha (eu incluída, só ainda não mostrei os podres ;))

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Não tens vida, pois não?!